Os Boxers brancos não são permitidos desde 1925, mas até hoje nascem mas ninhadas e não recebem pedigree. Há quem diga que são albinos e livros estrangeiros da raça alegam que, mesmo não sendo albinos, podem produzir filhotes com tal anomalia em duas ou três gerações, sendo esse o motivo da proibição.
Tudo indica que isso não é verdadeiro, seja pelo que se sabe pela teoria genética de cor dos cães, como por experiências práticas. Há, na realidade, uma certa confusão que leva muita gente a achar que todo animal branco é albino, já que tudo albino é branco. O albinismo é a ausência total de pigmentos, traz também pele e mucosas cor-de-rosa, e olhos vermelhos, segundo os ratos de laboratório. Segundo Clarence Little, autor do livro The Inheritance of Coat Color on Dogs, não há nenhum indício que olhos azuis caracterizem o albinismo.
O Boxer branco apesar da pele rosa, tem, na grande maioria das vezes, todas as mucosas pigmentadas e olhos escuros. Little vai mais longe, além de afirmar que o fenómeno do albinismo é raríssimo nos cães, no caso do Boxer ele específica o gene que causa o branco, chamando-o de "sw". Já o gene no albinismo é o "ca". Os dois são completamente independentes. Portanto, não se tem por que achar que cruzando várias gerações de brancos, ou seja exemplares que podem conter o fator "sw", se chegará num cão albino, que necessariamente porta o factor "ca". Beatriz Goldschmitd, geneticista animal da Universidade Federal Fluminense, reafirma que o albinismo é raro em cães e qualquer raça está igualmente sujeita a ele, mesmo que de forma eventual.
"O Boxer branco não é mais predisposto ao problema que os outros cães", completa. Pela experiência prática, Hilda Drumond cinóloga que já leccionou genética de cor de animais, atesta que já fez mais de 10 cruzamentos entre brancos e misturou pelo menos 3 gerações consecutivas, sem que nunca aparecesse um albino. Mas, há um caso ou outro que pessoas contam que já viram Boxers de olhos vermelhos. E daí, das duas uma. Ou o exemplar era mesmo albino, pois como já dito qualquer raça de cão ou espécie de animal pode ter eventualmente sê-lo, o que nem de longe significa que seja uma característica do Boxer branco. Ou quem viu, se confundiu, pois a terceira pálpebra às vezes é rosada e pode dar falsa impressão de que a íris é de cor vermelha.
Ainda assim, mesmo descartando a ideia do albinismo, alguns podem dizer que por ser "sw" um gene recessivo, poderia causar sensibilidade ao sol e doenças de pele. Mas, nem isso é observado em Boxers brancos. Hilda, que já teve diversos, nunca teve qualquer problema. Regina, que tem uma fêmea branca, comenta que ela adora ficar exposta ao sol e também nunca manifestou nada de errado na pele.
Vale dizer que o branco existe na raça pois ela nasceu – no final do século passado – da mistura do pequeno Bullenbeisser, antigo cão de caça que imobilizava a presa, com um Buldogue totalmente branco, cujo nome era Tom. Daí por diante a raça passou a ser oficialmente chamada de "Boxer" e inúmeros cães brancos nasceram e foram registados, inclusive a primeira grande reprodutora, chamada Meta, que tinha apenas uma mancha tigrada na cabeça e uma pinta ao lado esquerdo do corpo. O resto era branco como neve. Seria então este "outro" motivo para proibi-lo, ou seja uma tentativa de tirar a influência do Buldogue? Não, isso não é, em momento algum, alegado na bibliografia da raça.
REVISTA CÃES & CIA